Em busca do perfume perdido - Parte 1
A IFRA foi fundada em 1973 para controlar, com as normas de segurança, o uso de determinados ingredientes para proteger os consumidores usuários de perfume e cosméticos Em outubro de 1975, a IFRA emitiu um "Código de Prática para a Indústria de Fragrâncias" (Code of Practice for the Fragrance Industry), o qual todos os membros, devem seguir.
A crescente preocupação com o meio ambiente e a origem dos ingredientes leva a IFF a investir em inovação sustentável e a controlar o uso de matérias-primas cuja extração possa ser prejudicial à biodiversidade ou envolva práticas não éticas. A empresa busca alternativas naturais e sintéticas mais seguras e sustentáveis.
A Proibição de certos componentes, e a crescente dificuldade em obter materiais naturais estão forçando os perfumistas a refazerem as fórmulas das fragrâncias. Uma tarefa difícil para quem deseja manter o mais próximo possível do original.
É o caso de Mitsouko de Guerlain, que comemorou em 2019 cem anos. Criado por Jacques Guerlain, este perfume foi um dos precursores da família dos chypre, construídos em torno de musgo de carvalho, com bergamota na cabeça e um coração floral.
O desafio para manter a fórmula original deste, e de outros perfumes do passado, mas que ainda exercem a mesma magia entorno do seu conceito, exige do perfumista conhecimento das novas técnicas de obtenção das matérias primas.
Uma delas permite o uso da musse de carvalho sem as moléculas alergênicas atranol e cloroatranol, mas essa nova versão não tem a mesma tenacidade em se comparando com a original: ela perde densidade e longevidade na pele, explica Thierry Wasser, perfumista exclusivo da Guerlain. Em Mitsouko, eu o modifiquei para dar a consistência da versão original, é puro artesanato, completa o perfumista.
Como Mitsouko, muitos outros grandes clássicos: Opium de Yves Saint Laurent, Poison de Christian Dior e Magie Noire de Lancôme, tiveram que passar por um processo de reformulação por causa das mesmas proibições.
Ao contrário do que se pode pensar, não é simplesmente uma questão de substituir um ingrediente por outro, natural ou sintético. Os perfumistas têm que fazer muitos testes com as matérias-primas para "mudar sem mudar" para não desagradar os clientes fiéis. Este processo pode custar cifras muito altas, e levar muito tempo. O que importa para os criadores não são os ingredientes, mas sim o resultado da fragrância, em sua riqueza, e evolução na pele.