As origens da descoberta do vidro, bem a dos frascos de perfumes se perdem no tempo. O vidro é uma das descobertas mais surpreendentes do homem e sua história é cercada de mistérios. Embora os historiadores não disponham de dados exatos sobre sua origem, objetos de vidro foram descobertos nas necrópoles egípcias, por isso, imagina-se que o vidro já era conhecido há pelo menos 4.000 anos antes da Era Cristã.

A descoberta do vidro constitui, assim, um dos acontecimentos mais importantes da história cultural e surpreende pelas suas características únicas, como a transparência e versatilidade proporcionando inúmeras possibilidades estéticas em aplicações funcionais.

Não se pode ignorar o vidro quando nos referimos aos perfumes, elemento essencial da sua conservação, armazenamento e transporte. Material neutro por excelência, o vidro, que por sua transparência ultrapassa as barreiras da materialidade, foi destinado a armazenar o líquido precioso; o perfume.

No estágio inicial o vidro é uma substância líquida, com um altíssimo grau de viscosidade variando em função da temperatura. É composto basicamente por areia (sílica ou vitrificante), sulfato ou carbonato (abaixo da temperatura de fusão da sílica) e um estabilizante (geralmente cal, que dá a resistência ao vidro).

Quando elevada à temperatura de 1500º C, o material se transforma numa massa maleável e viscosa. Este processo de fusão é muito complexo e envolve basicamente reações químicas entre as diversas matérias primas, a formação de fases líquidas e homogêneas, a eliminação dos gases produzidos nas reações químicas e, finalmente a formação de uma massa vítrea homogênea pronta para ser trabalhada e moldada.

Na medida em que essa massa esfria, a viscosidade aumenta até que se obtém o vidro. As propriedades do vidro não dependem somente da temperatura e da pressão, mas também de como acontece o resfriamento, através da passagem por várias temperaturas, desde o estado líquido até o sólido.

A coloração do vidro é obtida através da adição de outras substâncias: cobalto para o vidro azul, óxido de cobre para o verde, óxido de ferro para o vidro bronze.

Muito apreciado pelos designers, o vidro é lavável, impermeável aos líquidos, particularmente ao álcool, gazes e bactérias; é também inalterável, não se deteriora, não tem odor e não se deforma; e principalmente é resistente. e poder ser lavado.

Ao longo dos séculos várias palavras definiram o vidro, em grego hyalos era usado para designar o vidro ou algum material úmido, brilhante ou molhado, podendo até ser uma gota da chuva, esta palavra podia descrever também as qualidades morais de uma pessoa, fazendo referência à transparência e à nitidez. Krystallos, significava gelo ou água gelada, era também sinónimo de vidro ou cristal de rocha.

A palavra latina vitrum acabaria por definir o nome em português, a transparência, uma das qualidades do vidro, tornando possível “ver” através do material.