Não é só a legislação
A legislação não é o único fator que força os perfumistas a reformularem suas fragrâncias
E alista não para de crescer, o safrole (encontrado no óleo de sassafrás) é um exemplo de substância considerada cancerígena. Dificuldades no fornecimento de matérias-primas naturais podem ser também um problema, causado por colheitas escassas ou instabilidade geopolítica
Alguns ingredientes, como certos almíscares policíclicos, mostraram ser bio acumulativos e tóxicos para a vida selvagem e ecossistemas aquáticos.
Mas a grande polêmica fica por conta dos ingredientes de origem animal, como o almíscar de veado almiscareiro ou o civete, levaram à proibição devido a preocupações com o bem-estar animal. Eles foram amplamente substituídos por alternativas sintéticas.
Mas como preservar os clássicos como O centenário Mitsouko e Shalimar da Guerlain? Opium, de Yves Saint Laurent; Poison, de Christian Dior; Magie Noire, de Lancôme e tantos outros? Todos foram revisados ao longo dos anos em resposta a diversas restrições.
Segundo o perfumista Thierry Wasser, existe uma técnica que permite usar o musgo de carvalho sem as moléculas alergênicas atranol e cloroatranol, (é como a versão desnatada do leite), não tem o mesmo desenpenho que a original por perder a densidade e fixação na pele", Em Mitsouko, o perfumista reformulou para que tivesse a consistência da versão original. É um trabalho artesanal, uma arte culinária."
O perfumista Olivier Polge explica que ao contrário do que se possa pensar, não se trata simplesmente de substituir um ingrediente por outro, ou o natural pelo sintético. Os perfumistas precisam equilibrar as matérias-primas para "mudar sem mudar" e evitar desagradar os clientes fiéis, são processos que levam muito dinheiro e tempo, muitas vezes de três a cinco anos.
Os orgãos reguladores, como a ANVISA no Brasil, a União Europeia (UE) e a IFRA (Associação Internacional de Fragrâncias, que estabelece padrões globais de segurança), avaliam continuamente os dados científicos e proíbem ou restringem o uso de ingredientes considerados inseguros. Isso leva a indústria a reformular perfumes clássicos e buscar ingredientes alternativos mais seguros.
Mas para o artista o que importa é manter ícones que moldaram a cultura da perfumaria ocidental, e acima de tudo manter a sensação que o perfume proporciona, sua riqueza, sua evolução na pele.